segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Contracultura e Establishment

Tudo bem, falar mal do establishment é uma coisa bem recorrente. Criticar o capitalismo, dizer que nós vivemos numa feroz sociedade de consumo não é nenhuma novidade. O que realmente importa é saber se existe e como pode aparecer uma manifestação que possa servir de alternativa a tudo isso que já encheu o saco. A famosa contracultura, admirada por uns e ridicularizada por outros pode servir de alternativa cultural e comportamental pra gente? Aonde que ela errou? Deve ser reinventada, adaptada?
O fato é que há um clima nebuloso no ar...Acho que a minha geração está começando a experimentar a necessidade de ter que se adaptar. Estão sumindo os loucos, irresponsáveis, boêmios, enfim, todos aqueles que pareciam viver num mundo paralelo. Os cabelos estão mais curtos, os assuntos mudaram. Não se falam de festas, bebedeiras, viagens e mulheres como antes... Até aí tudo bem, faz parte do processo. O grande problema é que essa alienação juvenil não foi substituída por um processo de criatividade, um despertar artístico e intelectual e sim pelos velhos mandamentos do establishment. Os assuntos e preocupações se resumem apenas no estágio de fulano, as perspectivas profissionais de sicrano, pós-graduação, empreendimento... A regra básica é se tornar um espelho da família, caso estes sejam bem sucedidos e seguir uma série de mandamentos pré-estabelecidos para se atingir ao sucesso. No campo pessoal o recomendável é arrumar uma namorada certinha e centrada e, principalmente, sossegar... Do que se trata a coluna então? Um manifesto retrô, de um admirador do espírito contestador e transgressor do passado? Admito que em parte o estereotipo é verdadeiro. No entanto, esse manifesto é modesto, não tem grandes ilusões. Propõe apenas um relaxamento nessa pressão que é colocada nas nossas costas a cada ano que passa. Tudo bem, precisamos nos adaptar a certos padrões, principalmente àqueles que vão nos garantir uma vida saudável. O que é errado é comprar todo pacote que nos é apresentado e viver uma vida cheia de etapas marcadas, previsíveis, um futuro vazio e pré-estabelecido. Principalmente os pseudo-velhos, jovens na faixa dos vinte anos, precisam entender que ainda tem muito que viver, que não precisam se esconder dentro de nenhuma estrutura e podem se permitir a novas experiências, abrir a cabeça, viver momentos de curtição e até mesmo não se comprometer com nada. A imaturidade não pode ser vista como motivo de incompetência ou depreciação. Se há uma vantagem em vivermos mais que nossos pais e avós é o tempo maior que temos em aprender a viver. Acredito cada vez mais que a condição de aprendiz entre estes “mais velhos” é muito mais um mérito do que qualquer outra coisa.
O grande desafio contemporâneo é encontrar um equilíbrio entre ser responsável e independente sem destruir a juventude que a gente ainda tem. Dessa forma, seria superada a dicotomia entre o transgressor, com intensa criatividade, mas perdido dentro da sociedade, e o padronizado, adaptado às regras e frustrado com a própria vida. Contracultura e Establishment se completam se forem absorvidos na medida e tempo certos e é nisso que eu irei acreditar enquanto for possível.

2 comentários:

Arthurius Maximus disse...

As necessidades da modernidade não tem mais lugar para os loucos e sonhadores. Hj a criatividade é cantada em verso e prosa. Mas se é incorporada, logo é descartada como imprópria.

Anônimo disse...

a criatividade é tudo hoje
tudo e mais um pouco.